Como organizar sua vida financeira - resenha crítica

Autoconhecimento é o passo mais importante

Ao procurar um consultor financeiro, é comum ver clientes surpresos. Na busca por respostas, acabam sendo bombardeados com muitas perguntas. Isso porque, para começar, é importante fazer um diagnóstico bem detalhado da situação financeira a ser melhorada. 

Nas primeiras horas de atendimento, é possível identificar até que ponto a situação econômica da pessoa está desequilibrada. Parece um mero bate-papo descontraído, mas é ali que se conquista a confiança com o uso de perguntas-chave para clarear o momento atual de quem deseja organizar as finanças. 

Entender o que é feito com o dinheiro que se ganha mensalmente e quais os planos para os próximos meses leva à reflexão sobre a razão do descompasso daquele momento. 

Quando se deseja criar um planejamento, é importante entender detalhadamente quanto dinheiro entra e por onde ele sai. Não se trata de saber se os rendimentos estão sendo suficientes para pagar as contas do mês, mas identificar quais gastos poderiam ser cortados, descobrir oportunidades mal aproveitadas e deixar de lado  custos desnecessários, mas que acabamos ignorando. 

Sem autoconhecimento para entender as reais prioridades de sua vida, nada disso é possível. Nessa primeira etapa, anotar tudo no papel e contar com a ajuda de uma calculadora para um diagnóstico completo faz toda a diferença. 

Orçamento doméstico

Se você não tiver equilíbrio orçamentário, não haverá planejamento financeiro familiar que dê conta de uma vida econômica mais saudável. O básico é gastar menos do que se ganha e investir a diferença com regularidade. Só assim será possível tornar os sonhos uma realidade, já que eles, inevitavelmente, envolvem custos. 

Quando se tem o costume de gastar todo o dinheiro disponível no saldo bancário, a constatação básica é de que os hábitos financeiros são irresponsáveis, já que negligenciam a necessidade de reservas para o futuro. Por outro lado, se você tem disciplina para controlar as dívidas, mas não o suficiente para ter sobras regulares, também há um problema a ser trabalhado. 

Não é só ter controle, mas adquirir conhecimento detalhado dos gastos mensais e adotar iniciativas que viabilizem uma poupança regular, dando mais qualidade para o consumo e permitindo pequenos luxos de vez em quando. 

E isso nem é tão trabalhoso quanto parece. Lance seus gastos em uma planilha de orçamento doméstico, comparando-os com outros meses e refletindo sobre  prioridades de consumo. O que não é necessário pode ser equacionado até uma redução. Você pode usar planilhas de Excel ou anotar tudo no papel. 

Não tem segredo e não precisa ser nada mirabolante. Só de fazer esse controle, você já começa a deixar sua vida financeira muito mais saudável do que a da maioria das pessoas. 

Usando seu orçamento com inteligência

No começo do mês, e não no fim, você tem as condições de mandar no próprio dinheiro e não ser escravizado por ele. Nos primeiros dias, estude o orçamento que terá ao longo de mais um período e veja os gastos que deseja mudar ou reduzir. 

Estabeleça metas objetivas. Mas não basta deixá-las no campo das ideias, é importante colocar tudo no papel, por escrito, para que haja uma documentação, permitindo a você se orientar e usá-la como referência. 

Quando a redução for relacionada a gastos variáveis, o ideal é antecipar o padrão de consumo ao longo do ano, tendo como base sempre o período anterior. Não esqueça que imprevistos são previsíveis, por mais paradoxal que pareça. Deixe uma verba de cerca de 5% para emergências. Assim, você não será pego de surpresa quando algo inesperado exigir gastos extras. 

Nas situações em que o objetivo não é pagar uma conta devida, seja por achá-la injusta ou por não gostar de um serviço contratado, lembre-se de que todos os compromissos são consequências de escolhas feitas anteriormente. Por isso, faça do seu consumo algo consciente. Sem planejamento, as despesas viram verdadeiras dores de cabeça para o futuro. 

Preparando-se para compras cotidianas

Já passamos da metade deste microbook e agora é hora de falar de um item básico para não extrapolar nos gastos mensais com insumos do cotidiano. A velha lista de supermercado é sua aliada. Relacionar em um papel tudo o que precisa antes de fazer compras é um ato muito mais poderoso do que você pode imaginar. 

Tanto faz se é uma ida ao mercado, ao shopping ou à feira. Quando se tem referência escrita do que é realmente necessário, diminuem as chances de cair na armadilha de voltar para casa com produtos desnecessários. 

Da mesma forma, é fundamental estipular um teto de gastos antes de escolher o que se quer. Sair de casa sem saber a verba disponível para o consumo pretendido é um erro básico de quem não tem controle financeiro. 

O ideal é consultar de antemão o que foi gasto até aquela altura do mês. Se isso não for possível, consultar o extrato bancário e do cartão de crédito também é importante. 

Procure fazer compras baseadas sempre na racionalidade, sem ser levado pela emoção. Antes de sair, consulte tudo o que você já tem para não comprar itens repetidos. Por fim, conselho básico, mas muito válido: pesquise e, se possível, pechinche. Você não vai se arrepender de economizar. 

Use o crédito em seu favor

Os cuidados com as finanças não se limitam ao controle de gastos e aos investimentos. Nada é mais importante em seu orçamento do que o crédito. Como nossa educação financeira é limitada e abstrata, é comum ouvir histórias de gente usando esse recurso de forma equivocada, gerando lucros assombrosos para empresas do setor. 

Sabemos que é graças ao crédito que conseguimos adquirir itens de alto custo, impossíveis de serem conquistados apenas com o salário do mês. É por meio dele que podemos contratar planos de saúde, acessar tecnologias e desfrutar de mais conforto. 

Quanto melhor avaliado for seu nome, mais limites você terá no cheque especial e no cartão, os juros serão mais baratos e as tarifas mais baixas, além de uma série de benefícios que bancos e prestadores de serviço oferecem. 

Mas é fundamental usá-lo com inteligência, entendendo que se trata de uma despesa contratada para pagamento a prazo. A maioria das pessoas que se enrola no crédito comete esse erro por interpretá-lo como mais uma fonte de renda. E é aí que as instituições financeiras multiplicam seu faturamento.

Usar o crédito em seu favor permite que você tenha acesso a uma série de benefícios para a realização de grandes sonhos. Mas quando se perde o controle, o crescimento exponencial dos juros pode levá-lo a dívidas quase impagáveis, reduzindo substancialmente a oportunidade de fazer seu dinheiro trabalhar para você. 

Detalhes que não podem ser esquecidos 

Depois de colocar em dia seu orçamento doméstico, a vida fica mais fácil. Não só a questão financeira deixa de ser problema, mas o bem-estar familiar vira uma preocupação a menos, melhorando até mesmo o relacionamento interpessoal.

Então, chega a hora de olhar para outros aspectos fundamentais para o convívio em sociedade. Um deles é a caridade. Compartilhar com quem tem menos que você, seja uma família ou uma instituição, é um ato de bondade que só faz sentido depois que sua situação particular estiver controlada. 

Torne a doação parte de um planejamento sério, da mesma forma que você fez com  o restante de seu orçamento. Assim, esse ato vira uma rotina, não apenas uma atitude esporádica e desleixada. O ideal é iniciar suas doações somente quando já tiver uma boa reserva de emergência, evitando assim que surpresas desagradáveis lhe desanimem, como acontece quando somos obrigados a deixar de ajudar. 

E se falamos tanto sobre a importância de um planejamento mensal, a prática da organização financeira exige também um checklist anual, com suas escolhas para os próximos 12 meses, colocando no papel de forma organizada as prioridades, sonhos, metas e etapas a serem cumpridas no período seguinte. 

No começo, tudo isso parece difícil e distante, mas os resultados de uma vida menos caótica nos assuntos relacionados ao dinheiro farão toda a diferença para seu bem-estar e de todos que você ama. Não deixe o orçamento doméstico para depois. 

Notas finais 

Viu como organizar as próprias finanças é mais fácil do que parecia? Para muita gente, parece existir um segredo muito bem guardado, onde existe uma fórmula para o sucesso de como administrar bem o próprio dinheiro. Cerbasi demonstra, de forma simples e clara, que basta parar, anotar, se organizar e tentar ser o mais racional possível para nunca mais gastar além do que você ganha. 

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